Quem anda conversando com o tempo?

Teve quem bebesse um pouquinho. Eu, acendi um cigarro e, ainda assim, faltaram argumentos. Segui em busca de saber: quem responde ao tempo? A pergunta vem da canção "Resposta ao Tempo" de Cristovão Bastos e Aldir Blanc, gravada em álbum homônimo de 1998 por Nana Caymmi...

Uma pausa: pensei em colocar algum adjetivo antes do "gravada por Nana Caymmi", mas o registro é de tal modo singular que me subtrai os adjetivos. Aliás, para um pouquinho! Escuta aqui a música Resposta ao Tempo, relembra e a gente volta a conversar.

Voltando: "Resposta ao Tempo" desperta em muita gente a mesma curiosidade minha: quem é o interlocutor do tempo? É uma curiosidade filosófica, eu acho, pois navegando nas teias da rede mundial de todas as coisas tem é gente a falar sobre o tal diálogo com o Tempo. Houve quem dissesse que o narrador é o "eu-lírico"... pode ser...

Eu, afinal, continuo sem ao certo saber na porta de quem o tempo bate. Já pensei que poderia ser da Beleza e até concluí que era da Juventude.Talvez seja somente um ser comum, lúdico, dono de uma simples, porém complexa, existência sensível.

E nesse não saber, digo-lhe, caso vá à minha porta bater: zombe de mim, sr Tempo! Choro mesmo e muito! E não venha me dizer que sabes passar e eu não sei. Isso é covardia! Sr Tempo, eu acabo e você não! E justo porque sou finita que posso morrer de amor. Roa-se de inveja!

Deixo-te, Tempo maiúsculo, Tempo Saturno, para que aceite o acordo do Caetano em Oração ao Tempo. Aceites ser "tempos", plurais e transitórios, capazes de caber na nossa existência. Quiçá, sr. Tempo, poderás ficar "um sr. tão bonito quanto a cara do meu filho".


FOTO A&A: Quinta da Boa Vista/ Rio de Janeiro, maio/2017


Comentários