De muitas janelas, anoiteci em SP

De muitas janelas, vivi São Paulo. Eu sei que isso aqui não é para iniciantes. Cidade dura e perversa como a minha, mas sem a brisa do mar. Mas, São Paulo sabe que eu não sou mais uma iniciante e que exponho orgulhosa uma certa intimidade que criamos. Nos olhamos com repeito. Eu aceito que não tenho como domá-la e ela aceita minha ousadia de flâner.

De muitas janelas, anoiteci em São Paulo. Foi aqui, num livro de apartamento alugado, que descobri Hilda Hilst. Já sabia dela, mas não lia. Nunca mais fui a mesma.

Desde o encontro com aquela Hilda, misturada a tantos outros autores na antologia poética, fui atrás de outras Hildas. Descobri que gosto mais da poeta inquieta que da romancista. Descobri que se eu pudesse escolher, era como a Hilda que eu queria escrever.

Com perdão da paródia sem rima: fume, Bethânia, cheire Chico e beba Hilda.

São Paulo e Hilda Hilst são assim nem tudo a gente entende, mas tudo a gente sente e muito a gente inventa!














Foto A&A: De uma janela da Rua Augusta, do livro "Júbilo, memória, noviciado da paixão", Hilda Hilst.

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