Roça

Duas crianças catam gravetos no mato.
Do pasto chega o cheiro de bosta.
No caminhão do leite um casal de gatos.
Barro vermelho melado na beira do rio.
Capiauzinho afunda o pé e o peito no leito macio.
Se despede acenando olho arregalado.
Tentam terra-braço-graveto-braço-água.
Menino bobo do Rio foi à fazenda comer doce de abóbora.
Andou na picada estreita proseando com a morte.

Marcelo Sant’Anna (maio de 2018)



Foto A&A: Sertão de Sergipe, janeiro/2015

Comentários

  1. Vou pro Sul semana que vem. Vou levar esse poema e ler debaixo da porteira da mangueira do meu tio. Cenas de minha infancia vao ecoar tais quais passos de pessoas queridas então, como meus irmaos e primos. E de pessoas que não mais estao, como meu pai.

    ResponderExcluir
  2. Muito bom! A harmonização do texto é incrível.. adorei!

    ResponderExcluir

Postar um comentário